5 coletivos para ficar de olho em 2020!
- rpretas
- 11 de fev. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 13 de fev. de 2020

Texto por Pryscila Galvão
Um dos pilares do RPretas é evidenciar novas narrativas, além de criar mais algumas pela nossa própria ótica.
Foi-se o tempo em que pessoas negras estavam fadadas a passar apenas uma mensagem ou limitadas a somente um campo de atuação, hoje temos pessoas negras em todas as áreas possíveis criando formas de tornar tudo mais acessível e mais próximo à nossa vivência.
Nos últimos anos, a internet conseguiu aproximar pessoas com ideais em comum, fazendo com que coletivos fossem formados com os mais diversos objetivos.
O RPretas sempre esteve de olho nessa galera, por isso viemos te mostrar 5 coletivos que estão dando o que falar e que vão quebrar tudo em 2020. Aqui somos ecléticas, então de coletivo cultural a tecnologia, nossas apostas são das mais diversas áreas, se liga só!
SIRIRICAS (@siriricas.co)

O Siriricas.Co é um coletivo da capital de São Paulo composto por 10 mulheres negras com personalidades plurais e que produzem conteúdo de mulheres pretas para mulheres pretas. É assim que elas se descrevem, abordando pautas que permeiam entre sexualidade, saúde mental e física, principalmente no Instagram, plataforma em que possuem maior alcance.
O que mais nos surpreendeu foi o crescimento gigantesco das meninas em um espaço de tempo muito pequeno, o que nos mostrou que, mesmo tendo mulheres falando sobre emancipação e sexualidade, ainda somos carentes de narrativas que partem da nossa própria vivência e o quanto este trabalho é importante.

(integrantes Siriricas.co)
Além do instagram, o Siriricas possui um podcast com episódios mensais no Spotify e que abrangem as mesmas pautas do instagram, sem machismo, racismo ou censura.
A aposta parte da diversidade, mesmo sendo composto por mulheres negras, a gente se depara com as mais diversas personalidades e pontos de vista sobre o mesmo assunto. É sobre subjetividade.
FMC - FORMANDO MENTES COLETIVAS (@fumacebauru)

Nem só de coletivos da capital viverás o homem, não é mesmo? sempre ressaltamos isso por aqui e na real que os coletivos do interior estão a mil. A FMC - Formando Mentes Coletivas nasce com o objetivo de girar o que é nosso entre a gente. Diretamente da 014 do estado de São Paulo, hoje se consagra enquanto polo de cultura, circulando de forma ativa na cidade.
Abrangendo oficinas, debates, exibição de documentários, saraus, batalha de rima, encontros e uma discotecagem do rap ao funk, partindo de pessoas pretas e abraçando a causa LGBTQI+, a FMC gira nossos negócios entre nós a partir de uma lógica simples: fazer a economia girar entre os nossos, valorizar nossas produções. Além disso, segue a risca a ideia de pessoas pretas ocuparem o centro, com um espaço físico localizado em uma das principais avenidas da cidade de Bauru e produzindo bailes como o consagrado Baile do Placo.

(Primeiro Baile do Placo, festa idealizada pelo coletivo - Foto: @ltcdm)
A aposta para 2020 parte da ideia de que: o que é nosso é nosso. A FMC já sofreu diversos ataques em 2018 e 2019, já que pessoas pretas e marginalizadas em coletivo e se divertindo incomoda a população da cidade sem limites, por isso, 2020 é o ano da capital e do Brasil inteiro entenderem a potência da voz do interior.
BIENAL DA QUEBRADA (@bienaldaquebrada)

Literatura pra quem? Sobre quem? Quem detém as editoras do país e do mundo? Pra quem chega os livros mais vendidos do mundo?
Pensado e idealizado por Mateus Santana, a Bienal do Livro da Quebrada vem como solução para um incomodo: o formato de grandes eventos de literatura pelo país, que se afasta de pessoas pretas e da periferia. Então, por que não pensar em um evento literário que tenha como foco nós mesmos? Com nossos autores, nossa linguagem e, ainda, acessível para todos? É assim que nasce a Bienal da Quebrada

(Mateus Santana, idealizador da Bienal da Quebrada)
A nossa aposta tem base em números: de sua fundação até hoje, a Bienal da Quebrada já arrecadou 10 mil livros e doaram mais de 3 mil.
Além disso, existem parcerias sendo fechadas e o projeto está crescendo cada vez mais, sendo notados até mesmo pela Casa Vogue, Folha de São Paulo, Alma Preta e UOL.
É necessário que a literatura também seja um espaço de ocupação preta cada vez mais ativa.
PERIFA NO TOQUE (@perifanotoque)

Nós acreditamos que a música comunica e expressa o que tá guardado dentro do peito, e para nós, pessoas negras, isso sempre foi necessário enquanto forma de sobrevivência, resistência e denúncia.
Ali de mãozinha dada com o rap, hoje o funk faz caixa tremer e grave estourar em todos os cantos do Brasil – e do mundo também, mas mesmo assim esse ritmo tão amado por nós segue sendo marginalizado e colocado enquanto crime pelo lado mais conservador da sociedade.
Nesse cenário, em 2018, nasce a Perifa no Toque, uma festa que vem com o objetivo de ocupar o centro de São Paulo com o melhor do funk paulista e carioca.

(produtores Perifa no Toque)
A Perifa no Toque se consagra enquanto aposta porque acredita no funk como ferramenta para além do lazer. Hoje, o projeto pensa em oficinas, roda de conversa, palestras e assume o compromisso de levar o funk para todos os espaços possíveis mostrando que todos os espaços são nossos.
Além disso, a festa abraça todo mundo misturando do rap ao grime, do funk paulista ao carioca, se for sortudo ainda acompanha um set inteiro de Afrofunk. Idealizado por Vitor Santana (cyber) e Eduardo Augusto (Super), mais tarde trás Peroli e Lucas Rodrigues como sócios desse evento. Essa galera ainda vai dar o que falar.
QUEBRADEV (@quebradev)

Lá em cima a gente avisou que nossas apostas eram ecléticas, e o próximo coletivo é a prova disso.
Hoje, dados se tornaram mais valiosos que petróleo, mas é importante lembrar quem é que detém esses dados e como eles são utilizados.
Assim, quantas pessoas negras da área de tecnologia você conhece? Pois é... o Quebradev vem pra fazer com que essa sua lista ao menos exista, fazendo com que pessoas pretas e periféricas se interessem pela área da tecnologia. Fundado por Gustavo Castilião, Kaio Leal e Reginaldo Júnior, o Quebradev nasce de um podcast e hoje se consagra enquanto movimento social que utiliza da tecnologia para criar pontes e realizar trocas através da comunicação e da educação.

(integrantes do QuebraDev)
A aposta vem da necessidade de pessoas pretas e periféricas falarem e debaterem sobre tecnologia em um momento em que é ela que está ditando o norte da nossa sociedade. É necessário que tenhamos diversidade em todas as áreas possíveis e impossíveis para que consigamos chegar onde queremos.
-
"Triunfo, se não for coletivo, é do sistema" disse Emicida, e o RPretas é a prova de que coletivos cada vez mais diversos estão nascendo e crescendo pelo Brasil a fora. Nossas apostas nos fazem acreditar que cada vez mais pessoas pretas estão buscando transformar o mundo e o espaço onde vivem com as ferramentas que têm em mãos, e estão conseguindo!
Comments