top of page
Buscar

Som de preto, de favelado, mas quando toca…

  • Foto do escritor: rpretas
    rpretas
  • 9 de jan. de 2020
  • 2 min de leitura

Por que quando toca na festa do rico pode, mas na festa do favelado não?

ree

Créditos da foto: Jeferson Delgado / @jef.delgado Texto por Luana Protazio e Pryscila Galvão


Assim como no início do século passado existiram leis para criminalizar o samba e outras manifestações culturais negras, no Brasil, hoje vemos o mesmo acontecer com o funk em diversas esferas. Os ritmos que nascem nas periferias sempre estiveram na mira da marginalização. Os ritmos — ou seriam os corpos?


Desde os anos 90, nas mensagens transmitidas pela mídia, o funk foi sempre associado como uma extensão do crime. A imagem do funkeiro no corpo do jovem preto e periférico foi colocada para a opinião pública como um perigo, um mal que precisa ser detido. Criou-se então um estigma ainda existente.


Relacionar facções criminosas ao rap, e principalmente ao funk, é o discurso utilizado pela grande mídia, que insiste em legitimar o estigma de preto, periférico, perigo e funk no senso comum. Coloca-se esses grupos como “braço direito” do crime organizado, e um dos agentes e precursores dele.


Essa construção midiática se reforça em outras esferas. Em 2017, uma proposta de criminalização do ritmo esteve sob análise no Senado, após conseguir 20 mil assinaturas de apoio. A proposta colocava o funk como crime de saúde pública e “falsa cultura”.


O argumento — eurocêntrico — de que funk não é música, e sim uma “falsa cultura”, parte de como a sociedade brasileira apenas enxerga como cultura toda aquela manifestação onde pessoas brancas estejam presentes ou dominando aquele espaço. O rap só se legitima enquanto transformador quando chega em espaços brancos ou então, quando possuem esses dentro das equipes de produção, com o funk não seria diferente.


Ainda que a proposta não tenha ido para frente, esse processo de criminalização histórica se atualiza com o tempo. Com o retorno dos bailes funks no Rio de Janeiro, temos visto uma forte perseguição dos bailes, dos fluxos, de seus frequentadores e produtores.


Isso se afirma nos recentes vídeos de repressão policial nos bailes e na prisão emblemática do DJ Rennan da Penha, que teve seu Habeas Corpus negado em agosto deste ano e, foi condenado a 6 anos e 8 meses de prisão por associação ao tráfico sob acusações que beiram ao ridículo de tão racistas.


O funk é um dos ritmos mais tocados no Brasil atualmente, inclusive em espaços elitizados, onde o batidão e o chandon chegam, mas a repressão não. O que nos leva de volta a pergunta do início, a marginalização é do ritmo ou dos corpos e origens? Por que quando toca na festa do rico pode, mas na festa do favelado não?


 
 
 

Comments


Receba nossas novidades

Obrigada por colar com a gente!

© 2023 by Sofia Franco. Proudly created with Wix.com.

bottom of page